terça-feira, 11 de setembro de 2007

EFEMÉRIDES

Faleceu ontem...
De morte torrencialmente morrida
Sicrano dos Santos Tempes Tarde.

Nasceu sem tempo de deixar carro na garagem
Endereço na lista telefônica
O nome espalhado pelos muros da cidade
Cadastro no sistema financeiro
Ou títulos e propriedades

Deixou só uma chorosa viúva
E sua vida nada cor-de-rosa
Além de parentes e amigos de aventura
À espera da próxima chuva.

A melhor camisa que tinha
A que possivelmente mais usava
Estampava um ”10” pelo costado
E um zero zerado na cintura

E no burburinho que foi formado,
Quem seria o culpado?


Alguns elegeram o escorregão
Do morro acima, barraco abaixo
Outros implicaram com a chuva
Que tem sempre o seu pingo de culpa
E os mais exaltados,
Estar todo o morro
Entalhado...
Em mina de pedra-sabão

Só eu não quis arrolar palpites

Pois...
De longe...
Sabia do horário nobre surgindo
E que o bom é brindar
Esse nosso mundo tão lindo
Por detrás dos muros e o fosso abissal
Onde fulgura meu castelo de cetim.

Onde este caracol humaníndio
Se senta a se drogar assistindo
O show da aldeia global
(plim!plim!)

De onde posso saber do mundo
Sem riscos...
E testemunhar, assepticamente,
Barracos envenenados apostando corrida
Em meio à tempestade marota

Entre uma pipoquinha e outra
Um wiskinho e gelinhos
Um terno piscar de olhos
E um inocente abrir de boca

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