Como um suave bater de asas
Borboleteando leve e às tontas,
Senti a tua presença em mim.
Não sei precisar se eras vulto, em tule,
Se o aguçado e enternecido olhar,
Ou aquele velho e conhecido toque,
Arrepio, leve sussurrar...
Do antigo fogo amigo que aprendi a amar.
E foi tão forte a tua não-presença,
Tão presente o teu jamais estar,
Que percebi que, sem você,
Pareço transparente véu,
Um leve vulto, sem indulto,
Suave fremir de borboletas...
E que este meu desforço em
Te fazer ausente,
É como uma criança displicente
A querer brincar de se enganar,
De que o sol nunca pertenceu ao céu.
Pois, quanto mais eu invento
Em te fazer distante,
Mais tenuemente eu ouço
Você a sussurrar...
Presente!
terça-feira, 19 de junho de 2007
quinta-feira, 7 de junho de 2007
O Menino e o Pirata
Você era o orvalho do dia,
Era a luz que em mim ardia,
No meu jardim a folhagem.
Mas eis que veio o mau tempo,
Trouxe breu e esquecimento,
Agora há somente miragem.
Por que será que o tal tempo,
Veste-se de humor agourento,
E em mim só pratica pilhagem.
Pois daquela imensa lua,
Que incendiava a minha rua,
Ficou só vazio e friagem.
E agora há um marujo assustado,
Um roseiral despetalado,
E a nau sem vela na garagem...
Você era o orvalho do dia,
Era a luz que em mim ardia,
No meu jardim a folhagem.
Mas eis que veio o mau tempo,
Trouxe breu e esquecimento,
Agora há somente miragem.
Por que será que o tal tempo,
Veste-se de humor agourento,
E em mim só pratica pilhagem.
Pois daquela imensa lua,
Que incendiava a minha rua,
Ficou só vazio e friagem.
E agora há um marujo assustado,
Um roseiral despetalado,
E a nau sem vela na garagem...
Orvalho
Anônimo e insuspeito
No leito de terra macia
Um botão de Amor-perfeito
Veio à luz plena do dia.
Bem perto um galo cantava
Um besouro passou zunindo
Um pardal piou no ninho
E o mundo roncava dormindo.
Somente um balofo aloirado
Fazendo sua ronda matutina
Emocionou-se ao ver o bebê a nascer,
E o sol, chorando, fez-se suave garoa,
Caiu do céu feito ternura à toa,
Que molhou todo o amanhecer.
No leito de terra macia
Um botão de Amor-perfeito
Veio à luz plena do dia.
Bem perto um galo cantava
Um besouro passou zunindo
Um pardal piou no ninho
E o mundo roncava dormindo.
Somente um balofo aloirado
Fazendo sua ronda matutina
Emocionou-se ao ver o bebê a nascer,
E o sol, chorando, fez-se suave garoa,
Caiu do céu feito ternura à toa,
Que molhou todo o amanhecer.
Suave é a Noite
(feita em parceria com Ronise Fincato)
Ainda estou aqui...
São tuas todas as minhas flores rubras,
E estas duas iluminadas luas,
Enquanto me apago na noite, entre cílios e rugas,
Moldura em fundo verde, candura...olhar
Meu riso, escancarado e impreciso,
Ainda tenta fazer rimas com o teu silêncio,
Como se a matriz de todo o teu mutismo,
Pudesse fazer noites, noites e abismos,
Onde estes alegres pirilampos tentam voar.
O meu pranto - noite nem sempre triste-
Traduz também um pouco de sonhar.
Como se eu pudesse ver-te aproximar
...Devagarinho, feito um coral de crianças
E passarinhos... sorrindo, que ao vento
Do céu vespertino viessem me embalar.
A minha espera, ah! Esta noite!
Feita em gotas cristalinas de infinito,
Se parece com a pele da embaçada vidraça,
Que a tempestade sem qualquer pingo de graça,
Só conjugasse o verbo açoitar...
Enquanto ainda estou por aqui...
Porque tarda a noite, cala o meu querer,
Agoniza, tênue, a ingrata madrugada,
Eu que esperei, tanto, um sol acontecer...
Da noite, agora, restou só o bater
Suave, destas asas quase avermelhadas,
Borrifando no linho branco das nuvens,
O tom de duas luas tristes, ao entardecer...
Ronise Fincato e Sidney Pires
Ainda estou aqui...
São tuas todas as minhas flores rubras,
E estas duas iluminadas luas,
Enquanto me apago na noite, entre cílios e rugas,
Moldura em fundo verde, candura...olhar
Meu riso, escancarado e impreciso,
Ainda tenta fazer rimas com o teu silêncio,
Como se a matriz de todo o teu mutismo,
Pudesse fazer noites, noites e abismos,
Onde estes alegres pirilampos tentam voar.
O meu pranto - noite nem sempre triste-
Traduz também um pouco de sonhar.
Como se eu pudesse ver-te aproximar
...Devagarinho, feito um coral de crianças
E passarinhos... sorrindo, que ao vento
Do céu vespertino viessem me embalar.
A minha espera, ah! Esta noite!
Feita em gotas cristalinas de infinito,
Se parece com a pele da embaçada vidraça,
Que a tempestade sem qualquer pingo de graça,
Só conjugasse o verbo açoitar...
Enquanto ainda estou por aqui...
Porque tarda a noite, cala o meu querer,
Agoniza, tênue, a ingrata madrugada,
Eu que esperei, tanto, um sol acontecer...
Da noite, agora, restou só o bater
Suave, destas asas quase avermelhadas,
Borrifando no linho branco das nuvens,
O tom de duas luas tristes, ao entardecer...
Ronise Fincato e Sidney Pires
Coisas
Esta turva imagem
Esta curva imensa
Esse nó no peito
Essa tristeza infinda
Essa estiagem ainda
Este nó no peito
Este tempo perdido
Este menino aturdido
Essa dó assim
Essa dor encoberta
Essa chaga entreaberta
Este nó no peito
Este mundo pequeno
Este louco veneno
Essa ternura em mim...
Esta curva imensa
Esse nó no peito
Essa tristeza infinda
Essa estiagem ainda
Este nó no peito
Este tempo perdido
Este menino aturdido
Essa dó assim
Essa dor encoberta
Essa chaga entreaberta
Este nó no peito
Este mundo pequeno
Este louco veneno
Essa ternura em mim...
PURGATÓRIO
Num calor insuportável
Suores deságuam pungentes
Os peitos arfam chorosos
As gentes vêem relógios
Os gestos traem os modos
E os olhares tecem crimes.
E não mais que de repente
- O próximo por favor!
Grita o caixa entre dentes...
E na fila do banco,
Todos refazem seus cálculos
Té que enfim tem menos um.....
Suores deságuam pungentes
Os peitos arfam chorosos
As gentes vêem relógios
Os gestos traem os modos
E os olhares tecem crimes.
E não mais que de repente
- O próximo por favor!
Grita o caixa entre dentes...
E na fila do banco,
Todos refazem seus cálculos
Té que enfim tem menos um.....
O Cópia
Nas raias em que já corri
Pelos prados desta vida
Fui sempre a fava contada:
Zebra acabada!
Zebra listrada!
Zebra marcada!
Pelas linhas da vida...
Nas pelejas que empreendi
Nestes campos, em plena lida,
Fui sempre a pedra cantada:
Zebra esperada!
Zebra mancada!
Zebra anunciada!
Nas entrelinhas da vida...
Êita destino capenga
Quem não viu jamais verá,
A saga da zebra azarada:
Zebra largada!
Zebra zerada!
Zebra zebrada!
Pleonasmo ou clone, do que foi só pela vida...
Pelos prados desta vida
Fui sempre a fava contada:
Zebra acabada!
Zebra listrada!
Zebra marcada!
Pelas linhas da vida...
Nas pelejas que empreendi
Nestes campos, em plena lida,
Fui sempre a pedra cantada:
Zebra esperada!
Zebra mancada!
Zebra anunciada!
Nas entrelinhas da vida...
Êita destino capenga
Quem não viu jamais verá,
A saga da zebra azarada:
Zebra largada!
Zebra zerada!
Zebra zebrada!
Pleonasmo ou clone, do que foi só pela vida...
Praia
Minha lua
De tão triste
Se atirou no mar
E eu agora,
Mato a saudade da amada...beijando
No seio das praias geladas
A espuma dessas ondas prateadas
Feito moças mal-amadas
Em plena cantoria
E que docemente espalham
Cinzas enluaradas
Por entre os dedos da poesia...
De tão triste
Se atirou no mar
E eu agora,
Mato a saudade da amada...beijando
No seio das praias geladas
A espuma dessas ondas prateadas
Feito moças mal-amadas
Em plena cantoria
E que docemente espalham
Cinzas enluaradas
Por entre os dedos da poesia...
Razão
O papo ia bastante acalorado
Algo que mais se assemelhava
Ao duelo de tenor com um contralto
Portanto, bastante alto!
Era razão daqui
Razão desfilando ali
Era razão de mim
Era razão de ti
Estávamos em plena era da razão...
Até que um guri bem franzino
Com ar de surdo pivete
Pediu a vez pra falar.
E olhando pros olhos da dupla
Falou baixinho o menino:
-Psiu! alguém aí têm cotonete?
Algo que mais se assemelhava
Ao duelo de tenor com um contralto
Portanto, bastante alto!
Era razão daqui
Razão desfilando ali
Era razão de mim
Era razão de ti
Estávamos em plena era da razão...
Até que um guri bem franzino
Com ar de surdo pivete
Pediu a vez pra falar.
E olhando pros olhos da dupla
Falou baixinho o menino:
-Psiu! alguém aí têm cotonete?
DOZE DE JUNHO
Neste doze de junho,
O dia amanheceu frio,
Frio e bonito,
Anunciando o inverno tardio,
Que se aproxima pensativo.
À noite,
Sei que os encantados
Irão se enlaçar no frio,
Frio e bonito,
E, saturados de alvorecer,
Tecer sonhos bons de se viver,
Mesmo que em tempo finito.
Nesta noite,
Eu estarei por aí a vagar
Fugindo do tal frio,
Frio e bonito,
Que vai tentar me bulinar
Encantamentos... bons de se viver, mas,
Pra me enganar, só pra me enganar...
À noite,
Acho que eu talvez nem saia,
Acho que eu não!
O dia é dos namorados,
Êita dia mais gelado!!!
Por mais que eu tente me enganar
O dia é dos namorados,
Só dos namorados...
O dia amanheceu frio,
Frio e bonito,
Anunciando o inverno tardio,
Que se aproxima pensativo.
À noite,
Sei que os encantados
Irão se enlaçar no frio,
Frio e bonito,
E, saturados de alvorecer,
Tecer sonhos bons de se viver,
Mesmo que em tempo finito.
Nesta noite,
Eu estarei por aí a vagar
Fugindo do tal frio,
Frio e bonito,
Que vai tentar me bulinar
Encantamentos... bons de se viver, mas,
Pra me enganar, só pra me enganar...
À noite,
Acho que eu talvez nem saia,
Acho que eu não!
O dia é dos namorados,
Êita dia mais gelado!!!
Por mais que eu tente me enganar
O dia é dos namorados,
Só dos namorados...
NO ALTO DA NOITE DO MORRO HÁ UM CRISTO
De noite,
No imenso escuro da noite, só,
Seu argênteo vulto transfigura.
E tanto é o luto a envolver sua
Brancura,
Que a solidão, a bater-lhe
No peito,
Doi como um noturno açoite.
Por quê é tão densa assim,
Dos homens,
A noite ?
E por qual mítico motivo,
Que transcendental razão,
Se esconde no peito da
Argêntea figura
Tamanha solidão?
Juro que não sei...
Mas do alto,
Entre o pico do morro e
O chão dos astros,
A luz do Cristo que jamais
Conspira,
Desce e toca os nossos olhos,
Corações e mentes,
Como um carinho que jamais questiona,
Apenas entende-nos o olhar
E docemente abençoa.
E apesar da beleza e da magia,
Da enorme..... distância,
Do sentimento de
Grandeza e de poesia
Que a sua luz nos inspira,
Segue Ele só,
Literalmente,
Solitariamente...
No imenso escuro da noite, só,
Seu argênteo vulto transfigura.
E tanto é o luto a envolver sua
Brancura,
Que a solidão, a bater-lhe
No peito,
Doi como um noturno açoite.
Por quê é tão densa assim,
Dos homens,
A noite ?
E por qual mítico motivo,
Que transcendental razão,
Se esconde no peito da
Argêntea figura
Tamanha solidão?
Juro que não sei...
Mas do alto,
Entre o pico do morro e
O chão dos astros,
A luz do Cristo que jamais
Conspira,
Desce e toca os nossos olhos,
Corações e mentes,
Como um carinho que jamais questiona,
Apenas entende-nos o olhar
E docemente abençoa.
E apesar da beleza e da magia,
Da enorme..... distância,
Do sentimento de
Grandeza e de poesia
Que a sua luz nos inspira,
Segue Ele só,
Literalmente,
Solitariamente...
Anônimo Peregrino
Por que a vida
Não nos cobra pedágio
Ou ágio,
Nem sofrer sem amar...
O destino
É o nosso adágio,
Poema,
Doce presságio...
Que nos pede
Somente
Amoroso
E anônimo
Peregrinar...
Não nos cobra pedágio
Ou ágio,
Nem sofrer sem amar...
O destino
É o nosso adágio,
Poema,
Doce presságio...
Que nos pede
Somente
Amoroso
E anônimo
Peregrinar...
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